SANGUE FRACO...

Há uns tempos atrás fui dar sangue, o que até já nem era a primeira vez...

Tudo muito bem sim senhor, até que a doutora me informa que eu não podia dar. "-Então e porquê?", pergunto eu. "-Porque tem a hemoglobina baixa", responde a doutora. "Então e isso é devido a quê?", pergunto eu na expectativa que ela me desse uma explicação bem ao estilo dos desenhos animados "Era Uma Vez Um Corpo Humano", que por sua vez projectasse na minha imaginação a imagem de células e glóbulos e todos aqueles bichos dentro das minhas veias, tal como se fossem membros da protecção civil em pleno pós-terramoto; mas, quando eu começo a abrir a minha mente para a aventura imunitária que imaginei ter dentro de mim, eis que a Xô Dótora me arruma com um frio, seco, desolador e não menos esclarecedor: "-Tem que comer mais feijão, verduras e assim..."

Isto foi quase como morrer, passar a eternidade no Purgatório (ao que dizem não é um sítio lá muito bom para passear ou passar férias, nem há gajas nem cerveja nem nada!), depois lá chegamos ao Céu e vamos passeando por lá, até que encontramos Mahatma Ghandi, sentadinho numa nuvem, e então finalmente que podemos ter uma resposta, fazemos a pergunta: "-Ghandi, então mas afinal qual era o sentido da vida??" e ele, com toda a sua sabedoria, responderia: "-Meu filho, o principal sentido da vida é tentar não morrer!".

Foi esta a frieza explicativa da Xô Dótora.

Quer dizer, e depois querem cativar pessoas a dar sangue...

Acho que homem que é homem aceitava o meu sangue sem qualquer problema! Agora só porque um fulano não come muito feijão e verduras vai-se descriminar e não aceitar o seu sangue? Tá mal!

É vermelho na mesma, pá! Não?